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sábado, 29 de junho de 2013

Apesar de você,

Amanhã há de ser outro dia... Inda pago pra ver o jardim florescer qual você não queria. Você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença e eu vou morrer de rir que esse dia há de vir antes do que você pensa. Você vai ter que ver a manhã renascer e esbanjar poesia. Como vai se explicar, vendo o céu clarear de repente, impunemente? Como vai abafar nosso coro a cantar na sua frente?

quinta-feira, 27 de junho de 2013

o riso dela

"você bem que podia perdoar.... E só mais uma vez me aceitar. Prometo, agora vou fazer por onde, nunca mais perde-la" Fui uma estátua de barro que tomou vida, você quem me soprou no nariz. Uma criança aprendendo a andar, você quem segurou minha mao. Você me ajudou a dormir, e fui aprendendo a sonhar, sob a sua minuciosa supervisão, deixei de lado aquela droga. Me lembro do sonho ruim que tive e acordei gritando por ti. Chegamos muito perto, muito perto de tudo, mas existe uma linha perigosa entre o tudo e o nada, um abismo assustador, então me agarro em tuas mãos, coxas e cabelo. Agarro o travesseiro e não deixo que seu cheiro vá embora, luto, inutilmente com o silêncio gritante da madrugada fria sem você, fui marcada a ferro pela minha própria idiotice! E quem dera nunca ter saído do teu lado, eu não estaria caindo agora, não estaria chovendo tanto, e a chuva te deixa lisa, não consigo me segurar por muito tempo. Cai, adormeci e tive a certeza que aquela fora a noite mais longa da minha vida..... Mal pude acreditar que acordei com a tua risada. Mal pude acreditar que você ria de novo pra mim, e como ria! Daquele teu jeito bonito de abrir a boca e fazer mil caretas só suas. Impossível não rir também, impossível não querer te abraçar e nunca, nunca mais soltar! Vamos brincar de futuro, vamos nos imaginar a frente do sol, esperando ele nascer e ser recebido na varanda para o café junto com nossos assuntos loucos (só nós entenderemos) e vamos rir das outras galáxias, tocar violão, ler livros velhos, eu até deixo você rir das palavras que não sei falar. Finja que presta atenção na minha revolta contra a política (enquanto eu sei que você só presta atenção mesmo nas mudanças de cor do meu olho) e eu apago o cigarro, sossego e conto até três. Vamos discutir aquele ponto de vista besta falando uma mais alto que a outra, jogando sujo com a desconcentração. Recitar todos aqueles poemas bregas de fundo de gaveta, tomar chá ouvindo elton john (impossível ser mais brega) e vamos ser cafonas sem ninguém encher o saco, vamos enrolar as pernas embaixo do edredom e sorrir devagarinho, que é pra não assustar a felicidade, por sermos, juntas, maior que ela própria!

pesadelo

Estupido. Me sinto como um velho espantalho debaixo de um sol que fica aceso dia e noite, dilacerando os olhos, amarrado e exposto a própria tortura, a mais cruel que poderia existir. Morto, vazio, vermes passeando pelo meu cérebro. Uma multidão de insetos, asinhas pegajosas e escuras incomodando meu sono inerte, uma faca se acomodando no meu peito depois de tanto girar. Te perdi, pedra valiosa, te perdi. Matei uma criança com as minhas próprias mãos, escarrei meu escárnio pessoal, assinei minha sentença de morte, me prendi no inferno e engoli a chave. Não consigo chorar, pois hoje me tornei um homem que não merece nenhum sintoma de humanidade.

domingo, 23 de junho de 2013

pedido público: me perdoa pela ignorância

Querida Amanda, Nesse manicômio qual apelidei carinhosamente de "meu veneno", não é costume rabiscar nomes nas paredes brancas, mas meu bem, seu nome esta em todos os lugares. Estás em mim, de forma que também estou em ti, porém, a tempestade não para, e quando para, começa o vento. Desculpe, meu bem, por não conseguir entender a ti completamente. Desculpe por exigir tanta objeção, afinal, você é tão boa para mim, e eu sou tudo que não presta. Sou o limbo na água antes potável, sou a escória de tudo. E você, tão perfeita, não sei como insiste em estar do meu lado. Querida, eu peço desculpas pelos momentos que perdi a paciência, eu não sei se você sabe, mas eu mudei tanto na tentativa de conseguir te levar comigo pra longe da tempestade. Aprendi física. Acredita? Aprendi física pra tentar ir longe com você. és tão inteligente, garota, tão única, tantos "tão" que me envergonho muitas vezes. Eu quero te colocar no barco, você quer me colocar na linha. Eu penso em faculdade, apartamento no sétimo andar. Penso em um lugar ao sol para nós, e você pensa em beatles e carros antigos. Vejo graça, você é pura e toda graça... Você é encanto e força, mas eu queria tanto, tanto te colocar no barco, que a gente acaba se chateando e esvaziando o diálogo no meio da madrugada. Desculpa por esvaziar o diálogo, desculpa por ter tanto medo. É que você é o símbolo de que um futuro bom iria chegar pra mim. Mas sem você, não vai ser tão glorioso. Sem você, eu sobrevivo, mas não vai ser tão bonito.

sábado, 22 de junho de 2013

Mas fica. Fica meu amor, quem sabe um dia, por descuido ou poesia, você goste de ficar.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Partida

Meu bem querer deixou de me querer
Já não sei se quero que volte a querer
Se, pela má sorte foi-se o encanto, foi porque era engano
Mera miragem.
Seus braços, onde um dia me deleitei
hão de levantar a foice que degolará num só golpe
a esperança que cresceu em meu ser.
Se quiseres ir, vai-te, pois não volte!
Meias palavras não são capazes de preencher meu íntimo e saciar meus ímpetos.
Eu quis de fato me entregar, mas se você não puder carregar
Eu compreendo, meu bem.
Te desejo perto, mas só te tenho dentro.
A projeção da paixão que me mastiga sem sentir o gosto,
Toma uma grande parte racional do meu cortex esquerdo cerebral.
Sou, deveras, um ser persistente, que insiste em dobrar os joelhos contra o chão
Sabendo que estes me doerão as juntas, sou um ser que junta as mãos sem simetria
E rezo meu proprio requiem, sabendo no entando, que ouvir-me... ninguém!
Da mesma forma, insisto no amor iludido, dessa vez bem menos dolorido
Porém nunca menor, nem menos bonito.
Guardo-te junto com meus discos preferidos, meus livros já lidos e a minha letra na rubra e seca tinta da caneta.
E da mesma forma, guardo os sentimentos ruins, que é pra não ter de te contar
O quão asco é te ver escapar.

domingo, 2 de junho de 2013

Sumidade

Tinha um sorriso capaz de iluminar qualquer beco escuro onde minha alma se colocasse.
Vivera uma centena de vidas e agora estava dentro de um corpo esculpido na era parnasiana. Dos olhos, deixava emanar uma infinidade de segredos, que escorriam devagar até chegarem na moldura perfeita dos lábios e deixava entao, ser subentendida.
 Tropeçava nas estrelas e se atordoava nos anéis dos planetas distantes. Tudo distante. Vozes que ecoam do outro lado da linha do telefone... Virou um homizio sem querer, talvez por tanto querer. Querer que nao se acaba quando corta a ligaçao, e corta o fio da meada.  Desculpe, me perdi entre os versos sem rítimo, de forma frugal e perene, me encantei.